DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO NOVO CORONAVÍRUS (COVID-19)
Posicionamento da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC/ML)
Fluxo de atendimento e coleta de amostras
O Posicionamento da SBPC/ML visa orientar os profissionais de saúde quanto às práticas recomendadas para o diagnóstico laboratorial do SARS-CoV2, nova cepa de coronavírus identificada na China em janeiro de 2020, causadora da doença denominada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como COVID-19.
A investigação laboratorial do COVID-19 somente ocorre mediante pedido médico.
Procedimento de coleta de swab de nasofaringe e orofaringe
Swabs de alginato de cálcio e de madeira podem inativar vírus e inibir reação de PCR, portanto não devem ser utilizados
Primeiramente, pedir ao paciente para assoar o nariz em um lenço descartável de modo a eliminar o excesso de pus e muco e desprezar em lixeira própria para resíduo infectante.
Inserir o swab em uma das narinas, paralelamente ao palato.
Deixar o swab no local por alguns instantes para absorver as secreções.
Repetir o procedimento na outra narina.
Coletar material da orofaringe posterior, evitando a base da língua, os dentes e as bochechas.
Inserir os swabs imediatamente (se necessário, cortar o excesso dos cabos) após a coleta em 2-3mL de solução fisiológica a 0,9% estéril ou meio de transporte universal viral (UTM) e manter imediatamente sob refrigeração (2 a 8°C).
Atenção: No caso de laboratórios privados, devem-se coletar amostras adicionais para envio ao Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN).
Devem ser utilizados para a coleta avental descartável, luvas, máscara N95 e óculos de proteção.
Primeiro passo: Vestir o avental descartável de mangas longas. Trocar se houver contaminação durante a coleta.
Segundo passo: Colocar a máscara N95/PFFE.
Terceiro passo: Colocar os óculos ou o escudo de proteção.
Quarto passo: Calçar as luvas, após a lavagem ou higienização das mãos, e ajustar sobre os punhos.
Trocar se houver contaminação.
Primeiro passo: Retirar as luvas de forma a não contaminar as mãos com a parte exterior.
Segundo passo: Retirar os óculos ou escudo e lavar ou higienizar imediatamente as mãos.
Terceiro passo: Retirar o avental tentando não tocar na parte frontal. Se isso ocorrer, lavar ou higienizar as mãos.
Quarto passo: Retirar a máscara por trás, evitando tocar a região frontal, somente após deixar a sala de coleta.
Lavar as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool-gel.
Descartar o material usado em recipiente de descarte de lixo infectante.
Nota: A máscara conhecida como respirador N95 refere-se a uma classificação de filtro para aerossóis adotada nos EUA que equivale, no Brasil, à PFF2 ou ao EPR semifacial com filtro P2 — todos com níveis de proteção e resistência equivalentes. A máscara N95 deve ser posicionada antes de entrar no box de coleta, e retirada após sair do box.
Quaisquer procedimentos com potencial de geração de aerossóis (por exemplo, o preparo de amostras com frasco aberto, e uso de vórtex) devem ser realizados dentro de cabine de segurança biológica certificada de Classe II.
Idealmente as caçapas das centrífugas devem ser abastecidas e desabastecidas dentro da cabine de segurança biológica, e devem ser usadas centrífugas apropriadas com rotores tampados.
Qualquer procedimento que gere aerossol e seja realizado fora de cabine de segurança, bem como limpeza de mate-
rial clínico altamente suspeito, deve ser feito com a utilização de máscara N95 ou equivalente. Após o processamento das amostras, as superfícies e equipamentos devem ser descontaminados com desinfetantes apropriados.
A embalagem e o transporte das amostras biológicas que possam conter o SARS-CoV2 devem seguir as recomendações da legislação vigente (atualmente, a RDC Nº 20, de 10 de abril de 2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para Substância Biológica Categoria B).
As instruções de estabilidade de amostra e temperatura de acondicionamento devem seguir as orientações do laboratório realizante.
Em períodos de maior circulação de vírus respiratórios, recomenda-se intensificar a limpeza de superfícies e objetos de uso frequente do público, como maçanetas e botões de elevadores.
Fazer a desinfecção de superfícies com hipoclorito de sódio a 0,1% ou etanol 62-70% reduz significativamente e infectividade dos coronavírus após 1 minuto de exposição.
Evidências da literatura a respeito dos agentes SARS-CoV e MERS-Cov demonstram que os coronavírus humanos podem permanecer infectantes em superfícies inanimadas por até 9 dias.
Outros patógenos respiratórios devem ser pesquisados na avaliação clínica inicial, sendo de grande valia a aplicação de painéis moleculares para patógenos respiratórios, que quando positivos permitem atribuir a síndrome clínica a outro agente etiológico, descartando a infeção por SARS-CoV2. Esta recomendação pode ser modificada de acordo com o conhecimento do papel de coinfecções envolvendo o SARS-CoV2.
Importante salientar que o conhecimento sobre a doença vem evoluindo, de forma que as recomendações poderão sofrer modificações.
Assessoria Científica Lab Rede
Fonte: Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial SBPC/ML. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO NOVO CORONAVÍRUS (COVID-19) – POSICIONAMENTO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML). Disponível em http://www.sbpc.org.br/wp-content/uploads/2020/02/DiagnosticoLaboratorialDaInfeccaoPeloNovoCoronavirus.pdf Consulta em 12/03/2020